Aborto nos Estados Unidos

Este mapa codificado por cores ilustra a situação legal atual dos procedimentos de aborto eletivos específicos em cada um dos estados, territórios dos EUA e distrito federal. Uma borda colorida indica uma restrição ou proibição mais rigorosa que está bloqueada por uma liminar judicial ou uma cláusula de gatilho.
  Ilegal
  Legal, mas sem provedores
  Legal antes da atividade cardíaca celular
  Legal até a 12ª semana
  Legal até a 15ª semana (1º trimestre)
  Legal até a 18ª semana
  Legal até a 20ª semana
  Legal até a 22ª semana (5 meses)
  Legal antes da viabilidade fetal
  Legal até a 24ª semana (5½ meses)
  Legal até o segundo trimestre
  Legal em qualquer estágio

O aborto é uma questão que divide os Estados Unidos. O tema é prevalente na política americana e nas guerras culturais, embora a maioria dos americanos apoie o acesso contínuo ao aborto.[1][2][3][4][5][6] Existem leis de aborto amplamente diferentes dependendo do estado.[7]

Desde a Revolução Americana até meados do século XIX, o aborto não era uma questão controvérsia; a maioria aderiu à crença tradicional cristã protestante de que a vida começava com o movimento fetal, entre 18 e 21 semanas de gestação. Era legal antes desse período em todos os estados sob Common law.[N 1][8][9][10][11] Connecticut foi o primeiro estado a regulamentar o aborto em 1821; proibindo o aborto após o movimento fetal, o momento na gravidez em que a mulher grávida começa a sentir os movimentos do feto no útero, e proibiu o uso de remédios para induzi-lo após esse período. Muitos estados, subsequentemente, aprovaram várias leis sobre o aborto até as decisões da Suprema Corte dos Estados Unidos nos casos Roe v. Wade e Doe v. Bolton, que descriminalizaram o aborto em todo o país em 1973. A decisão Roe impôs uma estrutura uniforme federal para a legislação estadual sobre o assunto. Também estabeleceu um período mínimo durante o qual o aborto é legal, com mais ou menos restrições ao longo da gravidez. Inicialmente, os cristãos evangélicos eram favoráveis ou indiferentes à decisão Roe — citando o que viam como a falta de condenação bíblica sobre o assunto, sua percepção de afirmação da liberdade religiosa e o avanço de um governo não intrusivo —, mas na década de 1980 começaram a se juntar aos católicos antiaborto para reverter a decisão.[12][13] Essa estrutura básica, modificada no caso Planned Parenthood v. Casey (1992), permaneceu em vigor, embora a disponibilidade efetiva do aborto variasse significativamente de estado para estado, já que muitos condados não tinham prestadores de serviços de aborto.[14] Casey determinou que uma lei não poderia impor restrições legais que colocassem um ônus excessivo com "o propósito ou efeito de colocar um obstáculo substancial no caminho de uma mulher que busca um aborto de um feto inviável".[15] Em dezembro de 2021, a FDA legalizou a provisão de pílulas abortivas por telemedicina com entrega pelo correio, mas muitos estados têm leis que restringem essa opção.

Em 2022, as decisões do caso Roe e Casey foram anuladas no caso Dobbs v. Jackson Women's Health Organization, encerrando a proteção dos direitos ao aborto pela Constituição dos Estados Unidos e permitindo que estados individuais regulamentasse qualquer aspecto do aborto não preterido pela lei federal.[16] Desde 1976, o Partido Republicano buscou restringir o acesso ao aborto com base no estágio da gravidez ou criminalizar o aborto, enquanto o Partido Democrata defendeu o acesso ao aborto e facilitou a obtenção de contraceptivos.[17]

O movimento pelos direitos ao aborto defende a escolha do paciente e a autonomia corporal, enquanto o movimento antiaborto sustenta que o feto tem direito à vida. Historicamente enquadrado como um debate entre os rótulos "pró-escolha" e "pró-vida", a maioria dos americanos concordam com algumas posições de cada lado.[18] O apoio ao aborto aumentou gradualmente nos EUA a partir do início da década de 1970,[19] e estabilizou durante a década de 2010.[20][21] A taxa de aborto tem diminuído continuamente desde 1980 de 30 por 1.000 mulheres em idade reprodutiva (15-44 anos) para 11,3 em 2018.[22] Em 2018, 78% dos abortos foram realizados com 9 semanas ou menos de gestação, e 92% dos abortos foram realizados com 13 semanas ou menos de gestação.[22] Em 2023, os abortos medicamentosos representaram 63% de todos os abortos.[23] Quase 25% das mulheres terão feito um aborto aos 45 anos, com 20% das mulheres de 30 anos já tendo feito um.[24] Em 2019, 60% das mulheres que fizeram abortos já eram mães, e 50% já tinham dois ou mais filhos.[N 2][N 3][25][26] O acesso maior aos métodos contraceptivos tem sido estatisticamente ligado à redução na taxa de aborto.[27][28][29][N 4][N 5]

A partir de 2024, o Alasca, Califórnia, Illinois, Kansas, Michigan, Minnesota, Ohio e Vermont têm o direito ao aborto em suas constituições estaduais, seja explicitamente ou conforme interpretado pela suprema corte estadual.[30] Outros estados, como Colorado e Massachusetts, protegem o aborto sob a lei estadual. As constituições estaduais do Alabama, Louisiana, Tennessee e Virgínia Ocidental explicitamente não contêm o direito ao aborto.

  1. Inc, Gallup (9 de novembro de 2017). «'Pro-Choice' or 'Pro-Life' Demographic Table». Gallup.com (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  2. «Public Opinion on Abortion». Pew Research Center (em inglês). 13 de maio de 2024. Consultado em 6 de junho de 2024 
  3. «Arizona Revised Statutes Title 13. Criminal Code §13-3603». www.azleg.gov. Consultado em 13 de junho de 2024 
  4. Diamant, Jeff; Sandstrom, Aleksandra (2020). «Do state laws on abortion reflect public opinion?». Pew Research Center (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  5. «Abortion Attitudes in a Post-Roe World: Findings From the 50-State 2022 American Values Atlas | PRRI». PRRI | At the intersection of religion, values, and public life. (em inglês). 23 de fevereiro de 2023. Consultado em 6 de junho de 2024 
  6. Fetterolf, Janell; Clancy, Laura (2024). «Support for legal abortion is widespread in many countries, especially in Europe». Pew Research Center (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  7. Staff, F. P. (13 de junho de 2024). «Roe Abolition Makes U.S. a Global Outlier». Foreign Policy (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  8. Blakemore, Erin (2022). «The complex early history of abortion in the United States». History (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  9. Balmer, Randall (2022). «The Religious Right and the Abortion Myth». POLITICO 
  10. Reagan, Leslie J. (2022). When abortion was a crime: women, medicine, and law in the United States, 1867-1973. Oakland: University of California Press 
  11. Wilson, Jacque (22 de janeiro de 2013). «Before and after Roe v. Wade». CNN (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  12. Williams, Daniel K. (9 de maio de 2022). «This Really Is a Different Pro-Life Movement». The Atlantic (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  13. Taylor, Justin (9 de maio de 2018). «How the Christian Right Became Prolife on Abortion and Transformed the Culture Wars». The Gospel Coalition (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  14. Doan, Alesha E. (2007). Opposition & intimidation: the abortion wars & strategies of political harassment. Ann Arbor, Mich: Univ. of Michigan Press 
  15. «Planned Parenthood of Southeastern Pa. v. Casey, 505 U.S. 833 (1992)». Justia Law (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  16. Breuninger, Dan Mangan,Kevin (2022). «Supreme Court overturns Roe v. Wade, ending 50 years of federal abortion rights». CNBC (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  17. Wilson, Joshua C. (2020). «Striving to Rollback or Protect Roe: State Legislation and the Trump-Era Politics of Abortion». academic.oup.com. Consultado em 6 de junho de 2024 
  18. Saad, Lydia (2011). «Plenty of Common Ground Found in Abortion Debate». Gallup.com (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  19. Osborne, Danny; Huang, Yanshu; Overall, Nickola C.; Sutton, Robbie M.; Petterson, Aino; Douglas, Karen M.; Davies, Paul G.; Sibley, Chris G. (2022). «Abortion Attitudes: An Overview of Demographic and Ideological Differences». Political Psychology (em inglês) (S1): 29–76. ISSN 0162-895X. doi:10.1111/pops.12803. Consultado em 6 de junho de 2024 
  20. Saad, Lydia (2010). «The New Normal on Abortion: Americans More "Pro-Life"». Gallup.com (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  21. Jones, Jeffrey (2018). «U.S. Abortion Attitudes Remain Closely Divided». Gallup.com (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  22. a b Kortsmit, Katherine; Jatlaoui, Tara C.; Mandel, Michele G.; Reeves, Jennifer A.; Oduyebo, Titilope; Petersen, Emily; Whiteman, Maura K. (2020). «Abortion Surveillance — United States, 2018». MMWR Surveillance Summaries (7): 1–29. ISSN 1546-0738. PMC 7713711Acessível livremente. PMID 33237897. doi:10.15585/mmwr.ss6907a1. Consultado em 6 de junho de 2024 
  23. Jones, Rachel K.; Friedrich-Karnik, Amy (2024). «Medication Abortion Accounted for 63% of All US Abortions in 2023—An Increase from 53% in 2020 | Guttmacher Institute». www.guttmacher.org (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  24. Jones, Rachel K. (2017). «Abortion Is a Common Experience for U.S. Women, Despite Dramatic Declines in Rates | Guttmacher Institute». www.guttmacher.org (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  25. Sanger-Katz, Margot; Miller, Claire Cain; Bui, Quoctrung (14 de dezembro de 2021). «Who Gets Abortions in America?». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 6 de junho de 2024 
  26. Zerwick, Phoebe (2022). «'I'm a Mom, and I Had an Abortion', The Latest Abortion Statistics and Facts». Parents (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  27. Peipert, Jeffrey F.; Madden, Tessa; Allsworth, Jenifer E.; Secura, Gina M. (2012). «Preventing Unintended Pregnancies by Providing No-Cost Contraception». Obstetrics and gynecology (6): 1291–1297. ISSN 0029-7844. PMC 4000282Acessível livremente. PMID 23168752. Consultado em 6 de junho de 2024 
  28. Dreweke, Joerg (2016). «New Clarity for the U.S. Abortion Debate: A Steep Drop in Unintended Pregnancy Is Driving Recent Abortion Declines | Guttmacher Institute». www.guttmacher.org (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  29. Guyot, Katherine; Sawhill, Isabel V. (2019). «Reducing access to contraception won't reduce the abortion rate». Brookings (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 
  30. Glenza, Jessica; Noor, Poppy. «Tracking abortion laws across the United States». the Guardian (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2024 


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